quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

III Mostra de Móveis de Decoração de Vitória da Conquista / 2008
Foto: Graça Bittencourt


Este blog tem por objetivo divulgar estudos realizados para a utilização de Estratégias de Redes de Empresas, como forma de melhorar o desempenho e atuação das micro e pequenas empresas da indústria moveleira de Vitória da Conquista - Bahia.

Desejamos a todos que se interessam pela discussão as nossas boas vindas e que este seja um espaço útil para evoluirmos nesta temática tão importante e necessária ao crescimento e desenvolvimento local, com vistas a contribuir para a melhoria da qualidade de vida desta comunidade.


Adelante!!

APRESENTAÇÃO


A Economia está cada vez mais dependente das micro e pequenas empresas, as quais contribuem para a promoção do aumento dos índices de emprego, qualidade de vida, possibilitando o crescimento e desenvolvimento das nações e, em especial, das populações mais pobres. Ao mesmo tempo em que esse quadro favorável às Mpes se instala, essas apresentam grandes dificuldades para manterem-se no mercado.

Várias são os fatores que concorrem para esta realidade; dentre eles destacam-se as grandes dificuldades de identificação e, conseqüentemente, na implementação de estratégias condizentes com a realidade de um mercado competitivo.É consensual, portanto, a necessidade de reverter os aspectos desfavoráveis ao surgimento e à manutenção das Mpes. Várias são as estratégias utilizadas para que elas sobrevivam às dificuldades existentes e se coloquem competitivas no mercado, principalmente evitando o esmagamento por parte das grandes empresas. Dentre elas, destaca-se a criação de alianças estratégicas, dando origem às redes de empresas.

O presente estudo - Rede de empresas de pequeno porte da indústria moveleira da Região de Vitória da Conquista – Um caso de Aliança Estratégica - tem como objetivo identificar e analisar estratégias de cooperação que aumentam a competitividade e o desempenho das Mpes da Indústria Moveleira participantes do programa cooperação da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (PMVC), do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa (SEBRAE) e da Associação dos Moveleiros de Vitória da Conquista (AMOVIC) da Bahia. Espera-se, neste trabalho, apresentar resultados preliminares de estudos realizados sobre a atuação das Mpes - do segmento moveleiro de Vitória da Conquista – Bahia, considerando suas formas de manterem-se vivas e competitivas mediante suas atuações em redes. Especificamente, pretende-se identificar as interfaces existentes entre as empresas incorporadas à rede quanto à sua atuação e avaliar os reflexos das ações desta rede de empresas nos produtores e consumidores.

Diante do exposto e, considerando que as empresas de pequeno porte têm grande importância no desenvolvimento da economia local e regional e, ainda, que a organização por meio da criação de redes desponta, visivelmente, como uma grande possibilidade de enfrentamento das dificuldades existentes neste segmento, é que se propõe, com as reflexões aqui apresentadas.

O QUE PRETENDEMOS?

II Mostra de Móveis e Decoração de Vitória da Conquista / 2007
Foto: Graça Bittencourt

Nosso principal objetivo é identificar e analisar estratégias de Redes de Empresas que aumentam e o desempenho das Mpes da indústria Moveleira de Vitória da Conquista, com vistas à melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento loal desta região. Pretendemos, assim, difundir a importância de se pensar a agir em termos de estratégias determinantes ao crescimento e desenvolvimento de uma comunidade.

QUAIS AS MOTIVAÇÕES

A escolha do tema foi motivada por uma série de questionamentos, presentes na práxis da práxis da autora: como docente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - há uma preocupação natural sobre como preparar os acadêmicos para o ambiente ao qual desejam atuar, à partir do contexto exposto.
Identificou-se como possibilidade o tema Redes de empresas: uma análise sobre a atuação das micro e pequenas empresas da região Sudoeste da Bahia. Pretende este trabalho contribuir também para algumas áreas, a saber: dirigentes de Mpes, para fins de mapeamento sobre estratégias de atuação destas pela via das alianças estratégicas ou inserção em redes de empresas; escolas de administração, para subsidiar estudos sobre os conteúdos necessários à formação do administrador nesta região, considerando que estas têm como principal atribuição formar o profissional para atuarem em uma sociedade que requer posturas cada vez mais conscientes.

A ARTE APRESENTA O ESTADO DA ARTE















III Mostra de Móveis e Arquitetura em Vitória da Conquista/2008
Fotos: Graça Bittencourt

É fato que a atuação das Mpes têm uma importância muito forte para a economia e para as populações mais necessitadas. Em pesquisa realizada em 2005 pelo SEBRAE, tem-se que, atualmente, as Mpes representam mais de 90% do número de empresas formais, com mais de 60% de empregos e sendo responsáveis por 20% do PIB brasileiro, empregando juntas mais de 15 milhões de pessoas.Paradoxalmente, observa-se, já em seus primeiros anos de existência, um alto índice de mortalidade dessas empresas, tendo em vista que, em seu conjunto, estudos demonstram que, por diversas razões, grande parte tem dificuldades de sobrevivência.


Para manterem-se atuantes surgem, cada vez com mais freqüência, alianças estratégicas, parcerias, redes de empresas e outros tipos de cooperação empresarial. Por meio desta prática, empresas de todas as partes do mundo estão procurando tornarem-se mais competitivas ao buscar parcerias e alianças. Desta forma, qualquer empresa tem melhores condições de produzir produtos e serviços semelhantes, podendo competir e atuar em iguais mercados, pois o ambiente empresarial dos últimos tempos enfrenta uma série de desafios decorrentes de um conjunto de transformações políticas, econômicas e sociais.Destaque-se o avanço, cada vez mais freqüente, de ênfase nesta prática de gestão considerando-se a necessidade de estratégias fundamentais para se enfrentar acirradas competições entre concorrentes.

Porter (1999) cita o efeito da competição nas duas últimas décadas, em praticamente todas as partes do mundo. Neste contexto, surgem novas formas de modelos organizacionais que buscam a adequação a esta nova realidade, reforçando a importância da formação de alianças empresariais que resultam na atuação das Mpes ´ por meio de redes de empresas. As empresas formarão alianças estratégicas para fazerem o que não já podem mais fazer sozinhas As alianças possibilitam, assim, ligar as empresas, concorrentes ou não, unir recursos, competências e meios propícios para apreender oportunidades.

De acordo com Hitt et all (2002), os benefícios na criação dessas alianças estão basicamente vinculadas a, dentre outras possibilidades, ganhar acesso a um mercado restrito, superar barreiras comerciais, enfrentar desafios competitivos de outros competidores, aprender novas técnicas de negócios, agilizar o desenvolvimento de bens e serviços, adiantar a entrada em novos mercados, superar a incerteza. A experiência demonstra que a obtenção de cooperação entre empresas parceiras pode apresentar resultados bem favoráveis aos seus agentes.

As alianças estratégicas, segundo Lorange & Roos (1996), surgem em diferentes tipos de organizações que passam a ver nesta estratégia um importante caminho para aumentar a competitividade por meio do compartilhamento de informações, tecnologia, recursos, oportunidades e riscos. As alianças e parcerias se apresentam em diversos formatos, podendo ser desde acordos informais até, em um nível mais complexo, fusões de empresas. Tudo dependerá de qual é o foco da empresa. BRAGA (1999) enfatiza que , com as alianças estratégicas, as empresas terão condições de suprir suas principais necessidades Porém, para que a aliança dê resultados é necessário um amplo esforço, empenho, cooperação e comprometimento das partes envolvidas.

UMA INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA

Considerando o caráter inicial deste estudo, pois este é parte de uma série de outras pesquisas a serem realizadas neste ambiente pelo Grupo de Pesquisa - denominado Redes de Empresas - da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a metodologia de pesquisa escolhida constituiu-se, nesta primeira etapa, em uma investigação exploratória baseada em relatos dos gestores que envolvem a Rede de Empresas Moveleiras de Vitória da Conquista – Bahia, representantes de órgãos de fomento, além de observação in locum.
Para escolha da rede, considerou-se que as redes de cooperação ou alianças devem existir em grupos de três ou mais empresas, grupos esses destinados a favorecer as atividades de cada uma delas sem que essas tenham forçosamente laços financeiros entre si. As empresas em rede podem complementar-se umas as outras nos aspectos tanto técnicos como comerciais, bem como apoiar-se reciprocamente sem perder as respectivas individualidades.
Na primeira fase da pesquisa, foi realizada coleta de dados secundários através de pesquisa em Referencial Bibliográfico a fim de se formular um quadro teórico sobre micro e pequenas empresas e redes de cooperação. Na segunda fase da pesquisa, foram realizadas coleta de dados primários por meio de pesquisa junto aos meios de divulgação das últimas informações acerca do assunto, contatos com os gestores e visitas à Mostras de Móveis de Arquitetura e Decoração de Vitória da Conquista.

VISÃO DO AMBIENTE GEOECONÔMICO

Região Sudoeste da Bahia


A região Sudoeste da Bahia abrange 38 municípios e conta com uma população de, aproximadamente, um milhão de habitantes. Vitória da Conquista, com 272.585 habitantes, é o centro mais importante da região e a segunda maior cidade do interior baiano. De vocação eminentemente agrícola, a região sofreu uma mudança significativa a partir dos anos 70 com a implantação do pólo cafeeiro provocando, inclusive, um forte aumento populacional de algumas cidades, principalmente Vitória da Conquista.

O QUE HÁ EM VITÓRIA DA CONQUISTA

Vista aérea de Vitória da Conquista


De acordo com estudos realizados, a economia de Vitória da Conquista desenvolveu-se, até os anos 50, baseada na atividade pecuária, com a criação extensiva de bovinos para a produção de carne. Com a construção da rodovia Rio-Bahia, no início dos anos 60, a cidade tornou-se um importante ponto de apoio para o transporte de carga e de passageiros. Na década de 70, o Programa Nacional de Recuperação e Renovação dos Cafezais (PRRC) incentivou o plantio de café na região de Conquista, com mais de 100 mil hectares de café arábica.
O desenvolvimento do café foi surpreendente até os anos 80, quando uma queda de preços no mercado internacional iria se estender até a metade dos anos 90, inviabilizando a atividade e provocando o abandono de muitas roças. Esse período coincidiu com a implantação do Distrito Industrial dos Imborés, a 5 km da cidade, aproximadamente. O Distrito foi ocupado apenas parcialmente, e nos anos 90, a cidade se transforma num centro de serviços, com um comércio varejista bem desenvolvido, uma universidade estadual, um setor de atendimento à saúde e uma rede hoteleira de qualidade. No Século XXI, Conquista se apresenta com uma atividade agrícola consolidada.
A cidade é referência regional nos setores de educação, saúde e também no comércio, que atraem milhares de usuários e consumidores dos municípios vizinhos. A cidade tenderá a se afirmar cada vez mais como um pólo importante de serviços rodoviários e como centro universitário e de pesquisas.

O QUE DESCOBRIMOS

Foto: Maria das Graças Bittencourt III Mostra de Movéis e Decoração de Vitória da Conquista


Vitória da Conquista, terceira maior cidade do estado da Bahia, com mais de 300 mil habitantes, tem como atividade produtiva, dentre outras, pequenas marcenarias que trabalham com a fabricação de móveis sob encomenda. Com um grande público consumidor de móveis, há, nesta cidade, aproximadamente 200 marcenarias, o que envolve diretamente o trabalho de cerca de 900 pessoas (SEBRAE, 2008 – online). A movelaria gera na região mais de um mil e quinhentos empregos diretos e apresenta um Produto Interno Bruto acima de quarenta e cinco milhões/ano.Embora haja uma boa produção de móveis na região, mais de 80% dos produtos consumidos vêm de indústrias de fora da Bahia.


O que se pode observar, segundo dados do SEBRAE - on line, 2008-, é que os produtores têm percorrido um longo caminho alcançar o nível que alcançaram. Precisam, no entanto, ainda evoluir no seu posicionamento em relação a este público, necessitando enfatizar o fomento a práticas mais competitivas, considerando-e aspectos da produção, distribuição, e avaliação do perfil de mercado, dentre outros importantes aspectos. Esse pode ser um processo reconhecedor de significado para se aperfeiçoar o trabalho e garantir a sua capacidade competitiva.


Com o objetivo de fortalecer este setor em Vitória da Conquista e região, incrementando a gestão empresarial com abertura de novos canais de comercialização, investimento em tecnologia, formação de mão-de-obra e fortalecimento do associativismo neste setor, criou-se, em 2005, o projeto Movelaria que é desenvolvido pela Prefeitura, por meio da Agência de Desenvolvimento de Trabalho e Renda (ADTR), em parceria com o SEBRAE e AMOVIC.Já em 2006, num esforço coletivo, surgem os primeiros resultados desta parceria com o lançamento da I Mostra de Móveis e Arquitetura de Vitória da Conquista.


Diante dos excelentes resultados da I Mostra, aconteceu em de 11 de agosto de 2007 a II Mostra de Móveis de Arquitetura de Vitória da Conquista, com a temática “Turismo”. O local escolhido para a realização do evento foi Pousada da Conquista Resort Spa, na qual 18 ambientes projetados por profissionais convidados pela ArqDecor utilizaram móveis produzidos pelos associados da AMOVIC. A escolha de um hotel para a realização da Mostra atendeu o interesse de moveleiros, arquitetos e profissionais de decoração da região em acessar esse mercado, apresentando a qualidade de seus produtos e serviços.


Parceira ao lado do SEBRAE, ArqDecor, Amovic, Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e Governo do Estado na realização do evento, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira - seção Bahia (ABIH) -levou um grupo de empresários e executivos do setor hoteleiro para visitar a mostra. Alguns dos associados da AMOVIC já trabalham em série e têm condições de atender a demanda hoteleira.A AMOVIC tem 22 empresas associadas, que geram mais de 200 empregos na cidade. Para a sócia da ArqDecor, atrair empresários e executivos do setor hoteleiro para a Mostra de Móveis e Arquitetura de Vitória da Conquista pode ser primeiro passo para a abertura de um importante nicho de mercado que interessa a todos os profissionais da região. Além disso, integrados à iniciativa, estão os projetos de artesanato, floricultura e derivados de cana-de-açúcar do SEBRAE (Jornal da Mídia – online).


Dando continuidade ao modelo de Gestão em forma de Redes de Empresas, recentemente, em outubro de 2008, aconteceu a 3ª edição da Mostra de Móveis e Arquitetura de Vitória da Conquista. Exibindo lançamentos em matérias-primas e técnicas diferenciadas, além de uma coleção de peças projetadas pelo designer e arquiteto Manuel Bandeira e fabricadas pelos moveleiros da cidade com madeira de reflorestamento, percebe-se uma evolução significativa na busca de aprimoramento das diversas técnicas de gestão, desde produtividade, qualidade e marketing, dentre outros. “Queremos aproximar arquitetos, designers, lojas de decoração, fornecedores, clientes finais das indústrias de móveis e potenciais compradores”, explica a gestora do projeto no SEBRAE, Rosália Rocha. O moveleiro Ricardo Machado, da AMOVIC, confirma a declaração de gestora, informando que, na última edição da mostra, vendeu quatro dos cinco ambientes planejados.

MOVELARIA E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL



Exposição do conceituado designer Manuel Bandeira na 3ª Mostra de Móveis e Arquitetura. As peças bem estilo bauhaus são um luxo de simplicidade com madeira de reflorestamento e confeccionadas pelo pólo moveleiro de Vitória da Conquista. Dois dos objetos em exposição estão em fase de negociação para serem fornecidos em grande escala com a Tok & Stok.
Foto: Graça Bittencourt

A questão do meio ambiente também esteve presente entre as preocupações dos profissionais envolvidos. A gestora do projeto “Madeira e Móveis” do SEBRAE/BA, Rosália Rocha, informa que a movelaria passou por ciclos.

Antigamente eram utilizados na fabricação dos móveis madeiras nobres, como jacarandá, ipê e madeiras maciças. Com o passar do tempo, com o desmatamento desenfreado, as madeiras foram desaparecendo, florestas nativas foram desaparecendo, e a matéria prima para fabricação dos móveis foram sendo substituídos por materiais sintéticos, então veio a fase do madeirite e hoje praticamente as marcenarias trabalham com a matéria-prima do MDF. Com essa discussão ecológica e com a percepção da plenitude dos recursos naturais, há uma transformação e preocupação da sociedade em usar produtos ecologicamente corretos.

No caso específico da fabricação de móveis, há uma preocupação, uma tendência com madeira procedente de áreas de reflorestamento. “No nosso caso, da Bahia, observa-se o uso mais recorrente com madeira reflorestada. Os móveis produzidos é uma exigência do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e dos compradores, empresas e até consumidores”, comentou a gestora do projeto de Madeira e Móveis do SEBRAE/BA, Rosália Rocha (Jornal do Sudoeste – on line).

DESENVOLVIMENTO LOCAL E PÓLO MOVELEIRO

II Mostra de Móveis e Decoração de Vitória da Conquista / 2007
Foto: Graça Bittencourt
Uma outra iniciativa a ser destacada foi o I Fórum de Movelaria do Planalto do Sudoeste da Bahia realizado na cidade nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de 2007 que teve, dentre outros objetivos, apresentar um diagnóstico do setor. O consultor do SEBRAE, Ari Lorandi, durante apresentação dos resultados, explicou que o Fórum foi pensado intensionando dar suporte à coleta de informações sobre a situação atual da indústria moveleira da região Sudoeste da Bahia, a partir de três frentes: produção, distribuição e mercado."Com estas informações e
outros estudos que fizemos, chegamos a algumas conclusões sobre ações que devem ser desenvolvidas para que a indústria moveleira do sudoeste baiano pudesse melhorar sua competitividade diante de concorrentes do Sul e Sudeste do País", destacou o consultor. Disse ainda o consultor que as ações mais importantes deverão ocorrer nas áreas de gestão, tecnologia e marketing."Temos hoje, nos 85 municípios do sudoeste da Bahia, um mercado potencial para o segmento mobiliário da ordem de R$ 230 milhões por ano e mais de 90% deste volume é atendido por empresas de fora do Estado", anunciou. O objetivo, destaca Lorandi, é reverter este quadro e fazer com que as mais de 200 marcenarias de Vitória da Conquista respondam por pelo menos 20% deste valor, superando a meta equivalente a R$ 3,8 milhões por mês. "Evidente que se trata de um grande desafio, mas o trabalho dos moveleiros junto com o SEBRAE e a Prefeitura de Vitória da Conquista visa alcançar esse objetivo num prazo máximo de três anos", finalizou.

De acordo com os órgãos de fomento, o desafio agora é desenvolver ações que possam implantar no mercado a referência de um Pólo de Movelaria. O projeto de implantar o pólo é desenvolvido em parceria pelo SEBRAE, AMOVIC e ADTR. Os moveleiros pretendem, também, organizar um show-room permanente na cidade, para que, durante todo o ano, os produtos fiquem à mostra. Mas, segundo esses, vai além de uma simples exposição. A proposta é que se transforme num espaço pedagógico, cultural e de inserção social e econômica. Isso se dará por meio do oferecimento de capacitações e cursos, abertura para saraus, exposições e outras expressões artísticas. Uma análise do imóvel onde funcionará o espaço foi recentemente realizada. O imóvel deverá passar por uma restauração, para que atenda às necessidades do projeto.

Para a presidente da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Construção Civil do Sudoeste da Bahia (AREA), Cristina Salgado, esse espaço será um fator importante para o crescimento da cidade, uma vez que a região tem uma forte vertente para a movelaria, e também pelo fato de ser um espaço múltiplo, com potencial econômico e cultural (Área - online).As iniciativas são muitas, os desafios maiores ainda. Dentre eles destaque-se, entre os principais, a mudança na cultura de formação de redes de empresas. A AMOVIC tem vinte e duas empresas associadas, porém em todo o município existem duzentos e vinte profissionais que ainda não se aproximaram da entidade.
Almeida, atual presidente da AMOVIC, lamenta apenas o distanciamento de grande parte da categoria, a despeito dos esforços concentrados para agregar o setor e buscar novos associados. "É uma questão cultural. Ainda temos pessoas que ainda não se convenceram de que o associativismo, o cooperativismo, é a única forma que o pequeno tem para se tornar forte" (Jornal Bahia em Foco – on line)

PARA ALÉM DAS REFLEXÕES FINAIS




III Mostra de Móveis e Arquitetura de Vitória da Conquista / 2008
Foto: Graça Bittencourt

Como já mencionado, as empresas procuram formas de serem mais competitivas para sobreviverem em ambientes competitivos e instáveis. As redes de empresas apresentam-se como uma possibilidade para que as MPES apresentem maior competitividade.
Neste estudo buscou-se identificar e analisar ações conjuntas de cooperação que aumentem o desempenho e a competitividade das empresas integrantes AMOVIC.Os resultados obtidos demonstram que as empresas têm interesse de participar de novas parcerias no futuro. Observou-se a presença de indicadores de cooperação bastante positivos como as ações de marketing compartilhado com o fortalecimento da marca da rede através da divulgação na mídia das ações que foram desenvolvidas por estas parcerias.
A cultura, ainda pouco presente na identificação das vantagens de se trabalhar em redes, foi considerada o principal dificultador na propagação e participação deste modelo de gestão.Constatou-se, ainda, que, para sobreviver no atual ambiente bastante competitivo, as pequenas empresas do setor moveleiro precisam rever suas estruturas administrativas, como também tornarem-se mais participativas e atuantes em rede. O gerenciamento necessita envolver todos os setores, sejam operacionais, sejam administrativos, para tornar processo mais ágil, produtivo e de qualidade.Este trabalho expôs como a formação de redes de empresas constitui-se num processo possível de se lidar com as várias das dificuldades enfrentadas pelas Mpes, especialmente as vinculadas à AMOVIC.

Para o seu sucesso, no entanto, requer-se novas formas de relações internas e externas, onde os impedimentos culturais precisam ser vencidos e os obstáculos externos precisam ser realinhados de maneira que fornecedores, consumidores, sócios e organizações de fomento possam tornar-se parte de um único grupo com os mesmos objetivos.
Conclui-se, por fim, que a estratégia redes de empresas tornam as micro e pequenas empresas mais fortes e sustentáveis. Estas, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento e aumento da qualidade de vida de uma comunidade. Por meio da convergência de empenhos obtêm-se benefícios importantes que vão desde maior poder de negociação com fornecedores até a construção de uma marca e consequente consolidação no mercado.

Atuar em rede requer que cada parceiro dê sua contribuição e sinta-se reponsável para acrescentar valor esta forma de aliança. Requer, compromisso, empenho e confiança entre os parceiros, tendo em mente que todos os envolvidos, desde associados até comunidade em geral e ourganizações de fomento, estão no mesmo caminho em busca de propósitos comuns e cada vez mais humanizados.











POR UMA SOCIEDADE MELHOR

Quem quer que, por ação ou omissão, participe do acobertamento ou, pior ainda, da negação da natureza alterável e contingente, humana e não-inevitável da ordem social, notadamente do tipo de ordem responsável pela infelicidade, é culpado de imoralidade – de recusar ajuda a uma pessoa em perigo.

Zygmunt Bauman – Modernidade Líquida